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13 de maio de 2014

Entrevista #2: Jorge Lourenço


Oi amigos! Hoje eu venho com mais uma entrevista especial para a Ação desse mês de maio. Como o tema dessa semana é mais voltado para os gêneros literários na produção literária brasileira, eu trouxe para vocês a entrevista que fiz com o Jorge Lourenço! O que uma coisa tem a ver com a outra? Jorge é autor de Rio 2054, que é uma distopia ambientada na cidade do Rio de Janeiro, e se você me acompanha por aqui sabe que eu sou apaixonada por distopias! Vamos lá?!



Quem é? Jornalista e fã de ficção científica, Jorge Lourenço já escreveu para o Jornal dos Sports, UOL e assinou a tradicional coluna de política do Jornal do Brasil, o Informe JB. Nascido e criado no Morro do Andaraí, cresceu com insônia e assistiu (até demais) filmes de ficção científica no Corujão, quando TV a cabo não era tão acessível e a internet engatinhava. Estudou no Colégio Pedro II e um dia, não conseguiu se controlar; decidiu que precisava escrever um livro. O resultado foi esse: o mundo partido entre asfalto e favela, onde cresceu, serviu para dar vida à cidade de Rio 2054.


ATLT: Como foi a criação de Rio 2054? De onde surgiu a ideia para divisão da cidade, para as gangues e os psíquicos? 

Jorge: Eu queria unir uma crítica social forte a uma boa história. Como jornalista, pude acompanhar de perto a forma como a corrupção, a desigualdade social e a violência acabam com a vida de milhares de pessoas todos os anos. Além disso, eu também cresci em uma favela - o que me fez ver diariamente o poder da segregação social e a falta de esperança que muitas pessoas têm em relação ao governo. Ao mesmo tempo, sempre fui fã de ficção científica. 

Rio 2054 é um pouco de tudo isso. É uma distopia que carrega a tristeza de viver em uma condição de pobreza enquanto uns poucos enriquecem em sua volta. É a sensação de viver "fora da sociedade". E também é uma trama cyberpunk com muitas reviravoltas, a batalha pelo poder, o jogo sujo das grandes empresas. Os poderes psíquicos são uma referência a Akira, uma animação japonesa dos anos 80 que teve uma grande influência no livro.  

ATLT: Quanto tempo levou para escrevê-lo?

Jorge: Diretamente, eu escrevi a primeira metade em um período de um ou dois anos. A segunda metade foi em um período de dois meses em que me dediquei exclusivamente ao livro - passava literalmente das 9h da manhã até a noite escrevendo, revisando e editando. 

ATLT: Quais são suas inspirações para escrever? Tem algum autor como referência? 

Jorge: Minha maior inspiração para escrever são Gabriel Garcia Marquez e Haruki Murakami, dois escritores que admiro muito. Algumas frases deles são mais poderosas do que livros inteiros e, se eu conseguir levar um pouquinho da mesma qualidade que vejo neles nos meus livros, já me considero um vencedor. 

 ATLT: Você é jornalista, certo? Como acha que sua carreira profissional influencia em sua escrita?

Jorge: O jornalismo te dá duas coisas muito importantes. A primeira é uma visão de mundo mais ampla, já que ele te obriga a conhecer mais a sociedade na qual você está inserido, entender suas mazelas e falar sobre elas. A outra é a escrita. Passar por grandes jornais faz com que o seu texto seja avaliado e criticado constantemente, além de você produzir uma quantidade enorme de conteúdo ao longo dos anos. Isso também ajuda muito a lapidar a sua escrita.... não é por menos que muitos jornalistas acabam se tornando escritores. 
  
ATLT: Para você quais são os desafios para que um autor consiga ser publicado e conhecido no mercado literário brasileiro? 

Jorge: Hoje o mercado brasileiro está muito mais aberto do que uma década atrás, por exemplo. Escritores como Raphael Dracoon, Raphael Montes, André Vianco e Eduardo Sphor mostraram que a literatura de entretenimento brasileira é de altíssima qualidade. O sucesso deles abre cada vez mais portas para outros escritores trilharem o mesmo caminho. 

No entanto, os jovens escritores precisam estar preparados para trilhar um caminho difícil. Apesar de estar melhor do que alguns anos atrás, a situação do mercado ainda não é a melhor e você precisa se dedicar bastante à divulgação do seu livro - isso se conseguir publicá-lo. 

ATLT: O que você espera do futuro da literatura nacional?

Jorge: No futuro, espero ver mais livros brasileiros nas vitrines das livrarias - que às vezes valorizam tanto a literatura internacional -, mais adaptações de livros nacionais para a TV e cinema  e mais escritores de sucesso. 


ATLT: Qual livro nacional você recomenda? Por quê?

Jorge: Recomendo demais o thriller Dias Perfeitos, do Raphael Montes. Ele é um novo talento da literatura brasileira e está impulsionando demais o gênero policial por aqui. Além dele, só para citar alguns, recomendo também bastante o Ricardo Ragazzo, Renata Ventura, Márcio Takenaka, Denise Flaibam, Renan Carvalho, Anderson Assis e Felipe Castilho. O que não falta é qualidade na literatura jovem brasileira. 

ATLT: Como leitor, qual gênero literário você prefere?

Jorge: Não tenho exatamente um gênero favorito. Eu gosto do realismo fantástico de Gabriel Garcia Marquez, do surrealismo do Haruki Murakami, dos mundos fantásticos de Tolkien e Neil Gaiman, da ficção científica de William Gibson. Eu gosto de muitos gêneros e procuro não me prender a apenas um deles. 

ATLT: Como foi seu primeiro contato com a leitura? 

Jorge: Desde pequeno, sempre gostei de livros. Não lembro exatamente qual foi o meu primeiro contato com a leitura, mas posso dizer que as histórias do Ziraldo, especialmente Flicts, e da Turma da Mônica foram muito presentes na minha infância. Eu lia de tudo - desde livros, revistas em quadrinhos, jornais, revistas - qualquer coisa que estivesse na minha frente. Minha mãe costumava dizer que eu dava prejuízo para ela porque lia muito rápido. Ao mesmo tempo, eu já gostava de escrever e criava os meus primeiros contos. Lembro que, na terceira série, minhas histórias rodavam a sala a pedido dos meus colegas.  

ATLT: Na infância, qual era sua relação com os livros? 

Jorge: Sempre foi muito boa. Desde pequeno, eu gosto muito de ler e meus professores na escola logo identificaram isso. Em parte, esse gosto pela leitura foi o que movimentava a minha imaginação. Fosse nos livros, nos desenhos japoneses, nos jogos de videogame ou nas revistas em quadrinho, eu usava aquilo tudo como inspiração para criar mundos de fantasia e escrever sobre eles. Eu sempre tinha em casa um caderno para escrever (eu costumava chamá-lo de Caderno de Escrituras :p ), costume que mantive até ter o meu primeiro computador, já na adolescência. 

ATLT: Quando você começou a escrever? 

Jorge: Desde criança. Escrever era muito fácil para mim, às vezes meus professores não acreditavam que alguns dos meus textos eram meus mesmo, rs. Depois de adulto e com um texto mais maduro, decidi que precisava focar em uma das minhas ideias para produzir um livro. A falta de tempo adiou esse sonho em alguns anos, mas a boa recepção de Rio 2054 tem mostrado que a espera valeu a pena. 



ATLT: Para descontrair um pouco, vamos brincar de Conhecendo o Jorge.

a. Cor favorita: vermelho (a cor da minha barba :p )

b. Lugar preferido: minha casa

c. Um sonho: viver apenas de livros

d. Uma música: Let's Get Lost (Chet Baker)

Legal conversar com o Jorge, não é? A carreira jornalistica realmente deu essa segurança para ele combinar os elementos de vivência pessoal e criativa, e pela narração desenvolvida no livro, não duvido da história da cobiça pelos textos da terceira série. [risos] Preciso dizer que adorei Rio 2054? Li um tempo atrás, antes de iniciar o blog, enquanto estava no cursinho e falava dele com todos os amigos, vários deles compraram o livro para ler também! Fiquem tranquilos, porque pretendo reler para resenhá-lo para vocês. Enquanto isso, vamos conhecer um pouquinho o livro? Confiram a sinopse e o book trailer:

Rio 2054: Os filhos da revolução - Jorge Lourenço

Rio de Janeiro, 2054. Três décadas após uma guerra civil que começou com a disputa pelos royalties do petróleo, a cidade se vê alvo de uma nova ameaça. Um velho jogo de intrigas e espionagem industrial entre as multinacionais que controlam a cidade ganha novos contornos quando uma perigosa jovem com poderes psíquicos surge nos guetos. Alheio a tudo isso, Miguel é um jovem sem grandes pretensões. Morador de uma região abandonada no pós-guerra (Rio Beta), ele sobrevive catando restos de tecnologia e tem uma vida despreocupada. Sem saber o que o destino lhe reserva, ele é convidado para assistir a um duelo de motoqueiros e acaba se tornando o pivô de uma disputa que pode mudar o Rio para sempre. Num lugar onde o bem e mal se confundem, Miguel terá que desvendar os segredos de uma misteriosa inteligência artificial e, para proteger aqueles que ama, bater de frente com as poucas pessoas dispostas a salvar o que resta do Rio de Janeiro. Sem saber que lado escolher, caberá a ele decidir o futuro de uma cidade partida pela ganância.



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Fiquem atentos que semana que vem vai rolar Gincana nos blogs participantes da Ação, para não perder nadinha curta a página no facebook! ;) 

4 comentários:

  1. Uau! Também sou mega fã de histórias de ficção científica, não conhecia esse autor, mas o livro dele me vez vibrar já, dá para imaginar tudo aquilo acontecendo. Essa temática é ótima, queria ter criatividade para fazer algo assim. É mesmo muito show.

    terradefagulhas.blogspot.com

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    1. Leia assim que puder, Michael, recomendo muitíssimo! Que bom que achou interessante. Obrigada pela visita.

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  2. O livro realmente parece muito bom! Pra não dizer que ainda não conhecia o trabalho do Jorge, eu já havia visto a capa do livro em algum lugar. Achei a entrevista muito inspiradora e divertida!
    http://wewantdreaming.blogspot.com.br/

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    1. O Jorge tem uma energia sem igual, Cassy! E eu gosto muito de todas as análises que ele faz, dentro e fora do livro!

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